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Congresso consolida palma como “alimento do futuro”

Tecnologia para o semiárido

Mais de 600 pessoas estiveram hoje no Parque de Exposições João Alencar Athayde, em Montes Claros, para conferir todas as novidades sobre a palma forrageira no VI Congresso de Palma e Outras Forrageiras para o Semiárido, realizado este ano em conjunto com o Palmatech 2023. “Alimento do futuro” foi o termo mais ouvido nas palestras da programação para designar a planta, ainda pouco utilizada frente aos seus inúmeros benefícios para a pecuária.

Na abertura, o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio Pitangui de Salvo, destacou o potencial da palma para ser uma solução para o semiárido. Durante sua fala, ele fez uma relação entre a cultura da palma e os próprios produtores rurais. Para o presidente, os dois são resilientes, têm imensa capacidade de crescimento, perpetuação, e, inclusive, são responsáveis pela sobrevivência de outras espécies e vem mostrando cada vez mais a importância do que fazem.

“Para nós, mineiros, é um prazer muito grande receber o congresso porque isso reforça a importância da palma para o nosso estado como alternativa forrageira”, disse Trazilbo José de Paula Júnior, diretor de Operações Técnicas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). “Essa iniciativa tem aumentado com várias instituições participando desse movimento e percebemos nitidamente como isso tem sido importante. Nas conversas com os produtores, percebemos como a palma vem se concretizando na alimentação animal. Nós podemos ver também em nossas diversas unidades demonstrativas como os produtores tem atendido a essa difusão de tecnologia”, acrescentou.

Representando a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Mário Borba, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba, destacou o crescimento da cultura da palma desde que eventos voltados para a cultura começaram a ser realizados, em 2004, no México. “Precisamos trazer tudo isso para o nosso semiárido. Saímos de 70, 80 toneladas de palma por hectare para chegarmos a 300, 400 e ainda pode aumentar com os tratos corretos”, explicou.

O desafio de gerir equipes no agro

A programação foi aberta com a palestra do médico veterinário e consultor em Gestão de Recursos Humanos, Marcelo Cabral. Falando sobre gestão de talentos e equipes de excelência, Marcelo destacou os desafios da capacitação de mão de obra no meio rural e apontou alguns caminhos para contornar a situação. Questões como falta de atratividade do trabalho no campo e a falta de vontade dos mais jovens em se desenvolver em carreiras do agro são algumas das principais.

O palestrante ressaltou a importância dos líderes e gestores serem exemplos do que a empresa prega. “Mostrar coerência entre o que se pede e o que se pratica contribui para motivar as equipes e manter os profissionais comprometidos com o trabalho. “É bom investir na formação de lideranças. Capacitar e treinar gerentes, gestores e produtores é fundamental para fortalecer o agro”, recomendou.

Ao longo do dia, os três espaços de eventos do Parque de Exposições receberam mais conteúdos técnicos:

Estratégias de manejo de pastagens usando geoprocessamento – Mário Garcia (Exagro): O diretor da Exagro mostrou tecnologias para fazer a mensuração do rebanho com imagens de satélite, solução muito mais barata se considerar que os satélites passam praticamente toda semana em cima das fazendas brasileiras. “Como eu posso equilibrar e desenhar uma estratégia de lotação para minha fazenda, sendo que eu não sei quanto vai chover e quanto vai produzir para frente? Nosso objetivo é ajudar nesse cálculo da quantidade de massa de forragem, de toneladas de matéria seca que estão sendo produzidas em uma propriedade”, resumiu.

Consórcios de palma forrageira para a intensificação sustentável da produção de forragem – Thieres George (Universidade Federal Rural de Pernambuco): o professor explicou sobre os consórcios de palma forrageira como estratégia para intensificação sustentável da produção de forragem. “A constituição de culturas é uma prática muito importante que tem o viés de sustentabilidade, já que permite uma interação harmônica com o ambiente, permite mitigar e se adaptar às mudanças climáticas, bem como garantir uma segurança hídrica e alimentar aos rebanhos e a população do semiárido brasileiro”, disse.

Comportamento de diferentes genótipos de palma no Semiárido mineiro – Leidy Rufino (EPAMIG): A pesquisadora trouxe para o congresso um trabalho voltado principalmente para forrageiras adaptadas ao semiárido mineiro e conservação de forragens. Na palestra intitulada “Comportamento de diferentes genótipos de palma forrageira no semiárido mineiro”, ela abordou os resultados das pesquisas da Epamig com a palma miúda, a palma sertânea e a palma orelha de elefante mexicana. “Além disso, atualmente a Epamig Norte conta com um banco ativo de germoplasma com 24 genótipos de palma forrageira, implantado em 2017, cujos resultados iniciais após seis anos de avaliação destes genótipos trouxemos para o congresso”, explicou.

Pitaya – fruticultura das cactáceas – Fábio Oséias (EPAMIG – ITAP): A palestra mostrou os principais aspectos da cultura, apresentando de maneira bem prática as diferentes formas de cultivá-las e os problemas mais ocorrentes no cultivo. “A cultura tem conquistado os consumidores do mercado nacional e internacional pela sua beleza e sobretudo pelo seu sabor. Debatemos desde as tecnologias mais comuns utilizadas no cotidiano pelo produtor e aquelas conhecidas como tecnologias inovadoras que poderão agregar no aumento de produtividade e qualidade na fruta e no manejo mais sustentável da cultura”, explicou Fábio.

Forrageiras para o Semiárido – Ana Clara Cavalcante e Alenilda Novais (ICNA): o projeto Forrageiras para o Semiárido, iniciativa da Embrapa com a CNA, encontra-se atualmente na fase 2. As palestrantes mostraram o conceito do “cardápio forrageiro”, em que não apenas uma, mas um grupo de plantas forrageiras pode ser utilizada pelos produtores para garantir a segurança alimentar dos rebanhos, especialmente em ambientes de sequeiro. “São soluções muito adequadas principalmente frente a esse cenário de mudanças climáticas, onde cada vez mais vai chover menos, a temperatura vai estar mais elevada. Temos uma série de recomendações para garantir que não falte forragem para os rebanhos e, com isso, temos uma pecuária cada vez mais forte e adaptada frente a esse cenário”, detalhou Ana Clara.

Cochonilhas de escama (Diaspis echinocacti) e do carmim (Dactylopius opuntiae) em palma forrageira: saiba mais sobre as pragas, danos e as alternativas de controle – Marcone Mendonça (Embrapa): Conhecer os danos e alternativas de controle dessas pragas são fundamentais para enfrentar qualquer inimigo vegetal, reforçou Marcone. Ele apresentou resultados de pesquisa promoveu uma troca de experiências com os participantes. O pesquisador contou que, no momento, as pesquisas tentam identificar, dentro de um universo significativo de genótipos de palma, materiais com potencial de tolerância de resistência a pragas como as cochonilhas de escama e de carmim.

Painel de Inovação

Finalizando a programação do primeiro dia os organizadores realizaram ainda, no estande do Sistema Faemg Senar,  EPAMIG e CNA o Painel de Inovação sobre a palma forrageira. José Farias Gomes Filho, do Sudene; Mário Henrique Melo e Lima, engenheiro agrônomo; Luiz Rodolfo Quaresma, gerente regional do Sistema Faemg Senar e Fabiano Dias de Souza, da empresa Laboremos, debateram inovações para a palma forrageira discutindo sobre maquinários, técnicas e o avanço da cultura por meio da Rede Palma, que teve seus trabalhos reiniciados nas últimas semanas por ocasião do Palmatech e VI Congresso da Palma e outras Forrageiras para o Semiárido.

A moderação do painel foi feita pela pesquisadora da EPAMIG Luciana Londe, que conduziu, ainda, um bate-papo com técnicos e pesquisadores que trabalham com a Cultura.

Mais atividades

O dia ainda teve as palestras Palma forrageira como estratégia alimentar na produção de ruminantes, com Marcelo de Andrade Ferreira (UFRPE); Sistema de integração de lavoura, pecuária: Caso de sucesso do Vale do Jequitinhonha, com Fredson Chaves (Embrapa); e Variedades e genética de palma forrageira, com Djalma Cordeiro (IPA). Fechando a programação, a chef Antonieta Pozas preparou uma receita de salada de palma com pequi frito na cozinha-show, mostrando que, além de versátil, a planta cai super bem com ingredientes típicos do Norte de Minas.

O VI Congresso de Palma e Outras Forrageiras para o Semiárido e o Palmatech 2023 vão até este sábado (21/10) em Montes Claros. Os eventos são organizados pelo Sistema Faemg Senar e pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), com apoio da Confederação da Agricultura e Peuária do Brasil (CNA), Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa/Senar-PB), Sicoob Crediminas e Banco do Nordeste.

 

Texto: Janaína Rochido – FAEMG SENAR

Fotos: Erasmo Reis – EPAMIG